Domingo, 28 de Abril de 2013
Um rei tinha um vizir muito sábio, cujo sentido de justiça era muito apreciado pelo povo. Muita gente o procurava para pedir conselhos que ele dava com bondade e bom-senso. Um, particularmente, era fatídico, fosse qual fosse a situação: “Lembre-se que pode ter sido para seu bem!”.
Um dia o rei teve um acidente e perdeu um dedo. Ficou extremamente infeliz com a situação e foi ver o seu vizir, amigo de longa data, confiante de obter ajuda. Indignado e triste com o sucedido, o rei contou ao vizir o acidente que tivera. O vizir escutou-o com bondade, disse-lhe algumas palavras de conforto e por fim acrescentou, como de costume: “Majestade, lembre-se de que pode ter sido para seu bem.”
Essa era a última coisa que o rei queria ouvir. “O quê?! Depois de te ter contado o acidente de que fui vítima, tu ousas dizer-me uma coisa dessas? Estás a zombar de mim, ou perdeste o juízo?” E a sua fúria foi tão grande que mandou prender o vizir.
O tempo passou e alguns meses depois o rei foi a uma caçada com os criados. Durante a caçada, o grupo foi atacado por uma tribo de canibais que mataram os criados e capturaram o rei. Levaram-no para a aldeia e começaram a preparar o ritual de oferenda aos deuses. Quando a água do caldeirão já estava a ferver, trouxeram o rei. Ao prepará-lo para o sacrifício, descobriram que lhe faltava um dedo. Como não estava completo, não servia para o ritual e foi libertado.
A caminho do palácio, o rei não cabia em si de contente. “O meu amigo vizir é que tinha razão! Como é sábio e bondoso! Estou tão arrependido por tê-lo mandado prender! Que injustiça! Tenho de ir vê-lo e pedir-lhe perdão quanto antes.”
Logo que pôde o rei foi à prisão, entrou na cela do vizir, pegou-lhe nas mãos e disse-lhe efusivamente: “Meu bom amigo, sinto-me tão arrependido por te ter mandado prender! O meu acto é tão condenável! Não sei se alguma vez me perdoarás. Nem tu sabes como tinhas razão naquilo que me disseste!” E contou-lhe a história.
O vizir escutou-o com bondade e no final disse: “Majestade, não se atormente, talvez tudo tenha sido para meu bem!” O rei não queria acreditar nos seus ouvidos. “O quê?! Como é que depois de tudo o que passaste e da injustiça de que foste alvo ainda consegues achar que tenha sido para teu bem?” “Majestade, repare bem: se eu não estivesse preso, teria ido à caçada consigo!”
Sábado, 9 de Março de 2013
Um rei tinha um vizir muito sábio, cujo sentido de justiça era muito apreciado pelo povo. Muita gente o procurava para pedir conselhos que ele dava com bondade e bom-senso. Um, particularmente, era fatídico, fosse qual fosse a situação: “Lembre-se que pode ter sido para seu bem!”.
Um dia o rei teve um acidente e perdeu um dedo. Ficou extremamente infeliz com a situação e foi ver o seu vizir, amigo de longa data, confiante de obter ajuda. Indignado e triste com o sucedido, o rei contou ao vizir o acidente que tivera. O vizir escutou-o com bondade, disse-lhe algumas palavras de conforto e por fim acrescentou, como de costume: “Majestade, lembre-se de que pode ter sido para seu bem.”
Essa era a última coisa que o rei queria ouvir. “O quê?! Depois de te ter contado o acidente de que fui vítima, tu ousas dizer-me uma coisa dessas? Estás a zombar de mim, ou perdeste o juízo?” E a sua fúria foi tão grande que mandou prender o vizir.
O tempo passou e alguns meses depois o rei foi a uma caçada com os criados. Durante a caçada, o grupo foi atacado por uma tribo de canibais que mataram os criados e capturaram o rei. Levaram-no para a aldeia e começaram a preparar o ritual de oferenda aos deuses. Quando a água do caldeirão já estava a ferver, trouxeram o rei. Ao prepará-lo para o sacrifício, descobriram que lhe faltava um dedo. Como não estava completo, não servia para o ritual e foi libertado.
A caminho do palácio, o rei não cabia em si de contente. “O meu amigo vizir é que tinha razão! Como é sábio e bondoso! Estou tão arrependido por tê-lo mandado prender! Que injustiça! Tenho de ir vê-lo e pedir-lhe perdão quanto antes.”
Logo que pôde o rei foi à prisão, entrou na cela do vizir, pegou-lhe nas mãos e disse-lhe efusivamente: “Meu bom amigo, sinto-me tão arrependido por te ter mandado prender! O meu acto é tão condenável! Não sei se alguma vez me perdoarás. Nem tu sabes como tinhas razão naquilo que me disseste!” E contou-lhe a história.
O vizir escutou-o com bondade e no final disse: “Majestade, não se atormente, talvez tudo tenha sido para meu bem!” O rei não queria acreditar nos seus ouvidos. “O quê?! Como é que depois de tudo o que passaste e da injustiça de que foste alvo ainda consegues achar que tenha sido para teu bem?” “Majestade, repare bem: se eu não estivesse preso, teria ido à caçada consigo!”
Terça-feira, 27 de Abril de 2010
Era uma vez dois monges zen que passeavam pelo bosque de regresso ao mosteiro. Quando chegaram ao rio , viram uma mulher a chorar, de cócaras, na margem. Era jovem e muito bonita.
- Que aconteceu? - perguntou o mais velho.
- Tenho a minha mãe a morrer. Está sozinha em casa do outro lado do rio, e eu não consigo atravessá-lo. Tentei mas a corrente arrasta-me e não consigo chegar ao outro lado sem ajuda.... Pensei que nunca mais a ia ver. Mas agora... agora os senhores apareceram, um dos dois podia ajudar-me a atravessar o caudal.
- Oxalá pudessemos - lamentou-se o mais jovem. - Mas a única maneira de te ajudar seria carregando-te ás costas e os nossos votos de castidade impedem-nos de tocar numa pessoa do sexo oposto. É proibido... Lamento muito.
- Eu também - disse a rapariga. E continuou a chorar.
O monge mais velho agachou-se, baixou a cabeça e disse:
- Sobe
A mulher nem queria acreditar, mas apressou-se a pegar na trouxa e a subir ppara as costas do monge.
Com muita dificuldade, o monge atravessou o rio, seguido pela jovem.
Ao chegar ao outro lado, a rapariga desceu e aproximou-se do monge mais velho, com a intenção de lhe beijar as mãos.
- Está bem, está bem - disse o velho, retirando as mãos -, segue o teu caminho.
A rapariga inclinou-se com gratidão e humildade, pegou na sua trouxa e correu até á aldeia.
Os monges, sem dizer palavra, retomaram a sua caminhada até ao mosteiro. Ainda lhes faltava dez horas de caminho...
Pouco antes de chegarem, o jovem disse ao mais velho:
- Mestre, conheces melhor do que eu o nosso voto de castidade. No entanto, carredaste nos teus ombros aquela mulher de um lado para ou outro do rio.
- Levei-a de um lado para o outro do rio, é verdade. Mas o que se passa contigo que ainda a carregas como um fardo?
Retirado de: Deixa-me que te conte - Jorge Bucay
Durante toda a nossa vida somos obrigados pela força das circunstancias ou por decisão propria a agir como não gostariamos. Ficando muitas vezes com remorços e com um peso no coração. E por vezes carregamos esse peso durante anos a fio. O que esta história tenta mostrar é que as coisas más da nossa vida não precisam de viajar no nosso coração mais do que o necessário. Lá elas não não são necessárias e temos de aprender a perdoar-nos a nós proprios.
música: Silencio
sinto-me: pensativo
Sábado, 24 de Abril de 2010
Era uma vez duas rãs que caíram numa taça de natas.
Rapidamente se aperceberam de que estavam a afundar-se: era impossível nadar ou flutuar durante muito mais tempo na massa espessa como areias movediças. No inicio as duas rãs tentaram bater as patitas para chegarem á borda do recipiente. Mas era inútil; por mais que se mexessem, não saíam do mesmo lugar e estavam cada vez mais atoladas. Sentiam uma dificuldade crescente em vir á superfícies respirar.
Uma delas disse em voz alta:
-Já não aguento mais. É impossível sair daqui. Não se consegue nadar nesta pasta. Já que vou morrer, não vejo de que serve prolongar este sofrimento. Não faz sentido morrer cansada por causa de um esforço inútil.
Dito isto deixou de bater com as patitas e afundou-se rápidamente, engolida pelo espesso líquido branco.
A outra rã, mais persistente ou talvez mais casmurra, disse para si mesma:
-É escusado! Não consigo avançar nesta pasta. No entanto, se vou morrer, prefiro lutar até ao meu último fôlego. Não quero morrer um segundo que seja antes da minha hora.
Continuou a dar ás patas e a chapinhar sempre no mesmo lugar, sem avançar um centimetro sequer, durante horas e horas.
E de repente, de tanto bater com as patas e com as coxas, de tanto mexer e remexer, a nata transformou-se em manteiga.
Surpreendida, a rã deu um salto e, patinando, chegou á borda do recipiente. Daí, pode regressar a casa, coaxando alegremente.
Retirado de: Deixa-me que te conte - Jorge Bucay
Tal como a rã nunca devemos desistir da nossa luta, por mais dificil e desesperada que ela pareça. Porque se é dificil e triste perder uma luta, mais dificil é perdê-la sem ter lutado tudo o possivel. E no fundo a nossa vida não é mais que uma grande luta pelos objectivos que queremos atingir.
Um bom fim de semana para todos
sinto-me: Bem
música: Wolf Like me - TV on the radio